Distância infinita

Fotografia

2016

“Selado a muros no meu quarto, a luz trémula do candeeiro esboça o frémito que alastra pelo meu corpo. A casa fica num quintal de oliveiras que um instante me lembram, refolhadas de agouro, redondas de mistério, negras do sopro agreste do Inverno. Endurece-as um implacável questionar de raízes, solidifica-as uma obstinação contra os ventos e as geadas, contra a plácida violência da montanha. Aí me escuto, me reconheço.” Vergílio Ferreira

sinopse

O pulsar omnipresente da água, a neblina nas montanhas horizonte, a noite escura: Melo torna a escrita de Vergílio ainda mais presente. Porque um escritor não se dissocia daquilo que é, e o que é, é-o também por tudo o que presencia e que o constrói como pessoa. E lá, face à evidência acidental, tive esta imagem impressa nalgum lugar microscópico do corpo, num tempo suspenso que abre espaço à dimensão do eterno. Aí me escuto, me reconheço. Homenagem ao escritor Vergílio Ferreira. Porque é grande a distância que vai da ausência ao esquecimento.