Teresa Santos

Poemas de Verão

Colecção de textos de Teresa Santos presentes em Cordel, tanto nos folhetos como na performance, nas suas mais variadas formas. Às vezes explícitos através da voz, às vezes presentes num gesto, às vezes omitidos.

No verão, o corpo conhece a pausa. Pausa.

Abro a janela nesta noite quente. Uma parafernália de luz e som instala-se neste quadro. Estás deitado na cama e tens sono, por isso não vês. Perguntas-me se é bonito. Não sei, está a acontecer mesmo atrás das árvores. O calor adiou o fogo. Até uma segunda pode ser dia de fogo. Há coisas que não se podem adiar. Um. Dois. Três. Silêncio e respiração pesada.

Todas as capas exteriores tentam seduzir-te, comprar-te, convencer-te, provocar-te, entusiasmar-te, controlar-te, consumir-te, invadir-te, alienar-te, até, por fim, vencer-te.

Há uma janela aberta que não fecha. Uma brisa que desassossega a vista que não acaba. Além, no infinito, o sonho tangível sujeita-se à impermanência dos dias e das noites. O tempo passa, absorto na ilusão de o ser. O querer desvanece e há uma janela que se fecha.

Atravessam-se no caminho ondas douradas povoadas por sóis reverentes. Rolam pelo asfalto quente e infinito, brisas velozes em direcção ao seu destino. Micro universos plasmados neste deserto peninsular, são oásis de cor e vida. Escoam vales secos por entre gigantes quase verdes. O tempo arrasta-se ao ritmo de um corpo cansado. Hoje por hoje percorremos o nosso caminho, juntos. Os saramagos ficam para trás e deixam saudade de coisas tão familiares quanto desconhecidas. Lugares recônditos derretem e esmorecem, frondosos, dentro do peito latente. Chegámos?

Teresa Santos
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.